Confucio dizia que “mudar as leis é fácil; difícil é mudar a mente e o coração doshomens.” O problema racial nos EUA está – sob a ótica da lei – resolvido. Depois dacriticada decisão da Suprema Corte no final do século XIX criando a doutrina separatebut equal, onde aos negros era dado o “direito” de ocupar os mesmos locais públicos queos brancos, desde que em ambientes separados, nova decisão da Suprema Corte, nosanos 50, no caso Brown v. Board of Education, selou o fim da segregação racial e abriuespaço para os movimentos civis dos anos 60, cujo principal expoente foi M.L. King,imortalizado com seu famoso discurso I have a dream. King foi assassinado.O problema do racismo está “confucionamente” na mente e coração das pessoas queteimam em alimentar clichês superiores, estereótipos e preconceitos. E aí agem dentrodestas limitações e premissas, abrindo o caminho da intolerância e, com ela, o aviolência. A atitude dos policiais (brancos) contra os negros, na semana passada,colocou querosene na chama da truculência e injustiça contra as minorias.Em nenhuma das atuações policiais de Louisiana ou Minneapolis era necessário o usode deadly weapon. As mortes puxaram um gatilho ainda pior: um franco atirador (quepara a maior frustração do candidato Trump era americano), munido do “direito”constitucional de portar armas, resolveu contra-atacar assassinando 5 policiais que -ironicamente – zelavam pela manifestação pacífica contra a instituição Policia. Hoje osEUA estão confusos e vivem um clima de divisão e perde-perde.Há maçãs podres e sadias no seio de qualquer sociedade ou organização. Achar que sãopodres pela cor da pele, opção sexual, religião, local de nascimento ou defeito físico oumental é algo lamentavelmente jurássico. Em um mundo em que assistimosdiariamente a tantos avanços tecnológicos há também um outro avanço: o do odiosoretrocesso comportamental.
Mauricio Gomm Santos
Julho de 2016